Vivemos em uma era onde a informação é a moeda mais valiosa. No setor financeiro, a capacidade de coletar, analisar e interpretar grandes volumes de dados está transformando radicalmente a maneira como as instituições tomam decisões. No entanto, é importante entender que o futuro financeiro não dependerá apenas da inteligência artificial, mas principalmente do acesso a diferentes tipos de informações que aprimoram o processo decisório, tornando-o mais eficiente e assertivo. Dados antigos respondem a problemas e comportamentos passados, mas as novas fontes são essenciais para resolver problemas atuais e futuros.
Para compreendermos o impacto dessa revolução, é importante traçar uma linha histórica sobre como chegamos até aqui. Inicialmente, as decisões financeiras eram baseadas em intuições superficiais. A transição para um processo estatístico e mensurável ocorreu com o investimento em profissionais especializados em estatística, matemática e ciência da computação. Estes profissionais são responsáveis por encontrar respostas mais precisas a partir de dados coletados, transformando informações em projeções concretas.
Um exemplo claro dessa transformação é a concessão de crédito. Antigamente, as decisões de crédito eram baseadas nos “5 Cs”: Caráter, Capacidade, Capital, Colateral e Condições. Esses critérios frequentemente incluíam métricas subjetivas, sem uma previsão precisa do impacto de cada decisão. Com a digitalização e o surgimento de novas fontes de conhecimento, o compartilhamento de informações se tornou comum, fazendo com que previsões estatísticas se tornem mais relevantes que processos julgamentais.
Para que essas mudanças sejam bem-sucedidas, entretanto, é necessário criar uma cultura de utilização de dados. Muitas empresas focam em obter acesso a indicadores, mas poucas investem na estruturação de uma cultura onde todas as áreas sejam impactadas pela sua utilização. O compartilhamento de conhecimento e informações dentro das instituições é um fator crítico de sucesso. Ter uma área de analytics não é mais suficiente; é necessário que todos se envolvam e compreendam a importância dos dados. Um exemplo prático seria uma área de marketing utilizando parâmetros financeiros para personalizar campanhas, aumentando a eficácia e reduzindo custos.
Praticamente toda ação realizada por uma instituição pode ser otimizada pela melhor utilização de dados, desde políticas de crédito até a personalização de ofertas. Imagine uma instituição financeira que conhece exatamente quanto um autônomo ganha e onde ele consome, podendo assim projetar desejos e oferecer produtos personalizados. Exemplos práticos dessa otimização incluem ajustes no limite de crédito, aumento na taxa de aprovação sem afetar a inadimplência, melhoria na eficiência operacional e personalização de serviços financeiros baseados no perfil do cliente, ao invés de taxas fixas.
Para que soluções como essas sejam adotadas, as empresas e mercados devem tomar algumas ações específicas. É fundamental implantar uma cultura de uso de dados em todas as áreas, buscar fontes alternativas, informações e adotar metodologias novas para inovar verdadeiramente.
A implementação dessa revolução é mais acessível do que se imagina. O grande desafio das instituições é querer implementar inovações sem uma base sólida de conceitos e infraestrutura. É essencial construir uma base robusta que permita o desenvolvimento constante do ecossistema de processos de tomada de decisão. Cada empresa deve traçar seus objetivos de acordo com seu perfil, capacidade de investimento, cultura e apetite por risco. Não há uma receita única, mas boas práticas que precisam ser adaptadas e implementadas com consistência.
A revolução dos dados está redefinindo o futuro financeiro. As instituições que melhor souberem aproveitar essas tecnologias estarão na vanguarda do mercado, mas é necessário um compromisso sério com a segurança, privacidade e qualidade das informações. A transformação deve ser acompanhada de uma cultura de dados sólida e envolvimento de todas as áreas da empresa para que os benefícios superem os desafios, criando um setor financeiro mais eficiente, preciso e inovador.
*Bruno Moura é Diretor de Negócios e Marketing da Klavi Open Finance, empresa líder que oferece soluções inovadoras baseadas em Open Finance e Open Data, contribuindo para um mercado financeiro mais democrático e competitivo.